quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Porquê justo mim...


Na realidade, era o que me perguntava todos os dias!
 Porquê que eu tenho que passar por esta etapa tão difícil?
 Porquê que o meu percurso terreno não é linear, ou melhor, menos sinuoso?
 Porquê que eu tenho que ter um cancro de mama?...
 Receber um diagnóstico de cancro aos 35 anos não me deu uma perspectiva futura muito promissora e, sem qualquer dó ou piedade castrou-me de qualquer sonho ou fantasia que naturalmente alimentei ao longo da minha vida! Naquele momento o meu corpo e mente explodiram literalmente, senti-me desfeita em todo o meu ser, como pessoa e como mulher!
Em segundos ou minutos que me pareceram intermináveis deixei de pensar, senti-me envolta numa camisa-de-forças física e emocional!

A primeira reacção foi sem dúvida uma sensação de pânico e medo da morte. Foi incontrolável a sequência de pensamentos negativos que vieram à minha mente, isto tudo porque, todos nós de certa forma ainda crescemos numa era em que o cancro significava a morte, o que não deixa de infelizmente continuar a ser uma realidade!
Após a consciencialização da doença e do seu estado evolutivo, através de inúmeras pesquisas na Internet, leituras de entrevistas e reportagens de medicina e muitas questões colocadas aos técnicos de saúde e a outras pessoas com experiências semelhantes, fui me acalmando um pouco, mas nunca deixando de pensar, pensar, pensar…até cansar a alma!
A revolta foi outro sentimento que me assolou o coração, senti-me muito triste e revoltada com tudo…comigo própria, com os amigos, com familiares, com o mundo e com Deus! Simplesmente para mim, todos tinham culpa por eu estar doente!
Esta fase foi muito longa e dolorosa e, talvez em mim, perdurou mais tempo porque, para além de lutar pela vida, tive também que o fazer sem o apoio do meu companheiro que simplesmente não teve a capacidade de se manter ao meu lado e preferiu “abdicar de mim” neste percurso...
Para ser sincera, precisava muito que ele me dissesse que me continuava a amar e que eu como mulher em nada tinha desvalorizado para ele…isso seria muito importante e uma força para mim, acreditem!!!

Qualquer cancro é devastador sem dúvida, mas para mim como mulher, o facto de ser na mama, mexeu com o meu ego, com a minha auto-estima, com a minha feminilidade, maternidade e sexualidade. Deu-me a sensação de que não voltaria a ser uma mulher bonita e que, a partir daquele momento, tinha que esconder algo que até ali eu tinha orgulho em discretamente evidenciar num pequeno decote ou vestido, o que afinal até faz parte do ser mulher!




Aqui vão algumas fotos minhas antes do cancro! Assim, alguns relembram-se da Sandra e outros, conhecem-me tal como eu era...

Prometo que voltarei para dar continuidade ao meu testemunho e com mais "estórias"!

Até já...
Sandra Matinhos

2 comentários:

  1. Querida!!!!
    Lembro-me perfeitamente da minha Sandra por fora... Lindona!!
    mas lembro-me também que eras e sempre serás muito mais linda por dentro e, essa parte o cirugião não te tirou... Graças a Deus!!!!
    AMO-TE muito!

    SandraG.

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  2. Minha querida!
    São tão doces e emocionantes as tuas palavras, já sem falar da tua amizade.
    Obrigada pla força...
    Sou novata aqui no mundo dos blogues preciso dumas dicas, porque ainda ando nas descobertas, podes me ajudar com algum conselho?
    Um bjinho do coração, adoro-te!

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